AMOR DE CORDEL
Quero só Te dar amor te dar carinho
Simples assim nos ouvidos aos burburinhos
Beijinhos macios na pele saltando moitas
Olhar-te venerar-te doravante mudo devorar-te
Incircunciso atear-te fogo nas ventas
Fazer-te cócegas com minha língua magenta
Como quem chega arranhando e ronronando
Teu corpo como seixo rolado e siso
Afrouxar-te as couraças espremer-te o riso
Esparramar-te toda sentir teus lúdicos gritos
Teus ritos de passagem
Deixar-te rouca e arfante
Como quem chega da beberagem
Quero você toda pra mim de margem a margem
Beberei teu licor
Sentirei teu odor
Tirarei teu bolor
Deixar-te-ei mais leve feito linda miragem
Tomaremos sauna a vapor
Vidros embasados tênue cortina
Se descortinando na semicerrada retina
Poros abertos suores escorridos
Percorrendo a vértebra dorsal
Com dedos de amor e gotinhas de sal
Meu bordão seguro pelas tuas mãos
Servem-te de apoio e finalmente
Abre-se o cordel cantorias encantadas
Letras soletradas no céu da boca se despem ao léu
Nuas xilogravuras são vendidas e inspiradas
Em tuas reminiscências e reentrâncias
Que derramas nas esquinas nordestinas do papel...