PÉROLA

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No labirinto do mar, recifes, declínios de corais,

uma rosa negra habita o oceano,

uma mancha eterna de sangue faz do mar o vermelho.

A rubra casca do que já não deitamos fora.

O fora adentro do cais que é só parada,

repouso para águas e sangue de teu útero: terra,

Gaya, mãe, força de ostra.

Peço- te a mão para um afago,

o teu rosto para a lembrança vindoura,

teu colo submarino, fluído, o próprio movimento

à nossa deriva, nova mudança de vista.

Peço-te o abraço sempre último

na tua velhice de perdões.

Não deixarei ao mar à presa, nem levarei comigo o sal.

Deixo-te nas mãos minhas sementes repartidas,

plantemos juntos, juntas nossas humanas fragilidades.

Peço tua mão na despedida, peço teus olhos ao largo

voltados ao encontro de nossas vidas.

Digo-te adeus porque te preciso.

Levo de ti minhas conchas, ouvidos internos,

tua voz, teu cheiro, o cheiro eterno de nossa casa.

Na casa das ostras, onde sou de nascença tua pérola.

Patrícia Porto

Patricia_Porto
Enviado por Patricia_Porto em 07/03/2012
Código do texto: T3540139
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