Um fardo de amor
Foi feito fogo. Meu corpo tinha fome de seu corpo: quanto mais comia, menos se saciava. Você deve ter um tempero exótico, único, gostoso. E eu mastigava, e moía, não queria engolir. Não queria que saísse da minha boca, seu gostinho ficou nos meus lábios e minha língua, instintivamente, brincava de reconhecer cada canto de minha boca simulando seus beijos. Feito vício. Seu gostinho ficou até no meu sorriso, nas minhas mãos, no meu peito, em todo meu corpo. Quis não tomar banho, quis ficar sujo. De sua saliva. De seu suor, de seu orgasmo. Vários deles. Seu sabor me deixa bobinho, desses que ficam meigos e brabos por qualquer destempero. Quis abraçar e olhar fundo nos teus enquanto os meus, olhos, reportavam uma felicidade desmedida. Deve ter uma pitada de sal ou de pimenta. E, eu, também fui salpicando ingredientes. Quando percebi, já havia acabado com um fardo de amor.