DESEJO IMEDIATO

No âmbito das céleres horas

Recolho um sorriso escondido

Que ofereces neste peito que chora

Esperando no véu do amanhã um abrigo.

E o dia, de súbito ignora

O clamor de um poeta perdido

Por não ser digno do amor de agora

Que me toma e me deixa retido.

Não mereço as belas palavras

Esculpidas e polidas dos seus versos

Todas as minhas tristezas são escravas

Da dor que transmuta pelos inversos

Do meu jeito estranho e taciturno.

Eu desejo mesmo nosso abraço diuturno

No lapso do vão que nos separa

Eu navego em correntes abstratas

Que me conduzem a ti, jóia rara,

Como sublimes e cintilantes pratas

De afeto desse amor presente

Quando eu só preciso ser seu nubente.

Márcio Ahimsa
Enviado por Márcio Ahimsa em 21/01/2007
Código do texto: T353949