DESEJO IMEDIATO
No âmbito das céleres horas
Recolho um sorriso escondido
Que ofereces neste peito que chora
Esperando no véu do amanhã um abrigo.
E o dia, de súbito ignora
O clamor de um poeta perdido
Por não ser digno do amor de agora
Que me toma e me deixa retido.
Não mereço as belas palavras
Esculpidas e polidas dos seus versos
Todas as minhas tristezas são escravas
Da dor que transmuta pelos inversos
Do meu jeito estranho e taciturno.
Eu desejo mesmo nosso abraço diuturno
No lapso do vão que nos separa
Eu navego em correntes abstratas
Que me conduzem a ti, jóia rara,
Como sublimes e cintilantes pratas
De afeto desse amor presente
Quando eu só preciso ser seu nubente.