AMOR

Amor não é carta descartada

É az de paus no baralho escondido

É o moçar-se na manga da fêmea

Enrolar-se sem tédio e vacilo

Amor, é o relógio na ânsia da espera

È solidão em meio à primavera

É o reencontro de surpresa

Um olhar atrevido, uma sutileza

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O amor não se desconsidera

Considera-se eternamente

Quem dera durar o tempo infinito

O eterno minuto presente

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Amor é gemido

È temido

É teimosia

É perigo

É reconhecido

Vivido, fugido

Benzido e amaldiçoado

Amor odiado, amor amado ...

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É revolta do peito em brasa

É lar para o homem sem casa

Tristeza envolta em sorriso

A delicada safadeza do juízo

Amor não é jogo

Nem tão pouco um precipício

Requer paciência, demência

Carinho do fim ao principio

Amor é vicio

É o viço

É o enguiço e a alma mansa

O verdadeiro amor não acaba

Nem quando finda-se a esperança!