Genética…
Crónica dos tempos que estão a chegar…
Então a cor dos teus olhos
Que eu tanto amo
Que tanto me fascinam
Não te foi dada pelo divino
Ou se quiserem
Pela natureza
A cor dos teus olhos
Foi um desejo dos teus pais
Mesmo antes de te conceberem
Foi um desejo dos teus pais
Para que essa cor
Fosse consentânea com a decoração
De um sofá
Algo herdado dos teus antepassados
E por isso
Máximo objecto de estimação…
E a tua pele
Suave e aromática
Tão agradável
E sedutora ao toque
Ao olfacto
Ao olhar
Esconde a mistura de sangues
Que tens na tua historia familiar
Essa pele
Foi escolhida num catálogo
Cuidadosamente elaborado
E naturalmente
Bem pago…
Sem falar na tua inteligência
Que te permite uma rara clarividência
Ter permite veres coisas totalmente
Quando estas começam a acontecer
Que te permite
Com os pequenos indícios que te dou
O que penso
De uma forma bem certeira me leres…
E nós sabemos os dois
Que ficarás aqui
Muito tempo depois de eu partir
Sabemos o ano
Em que começarás a envelhecer
Mas não sabemos o ano
Em que irás morrer
Porque novas melhorias irás incorporar
Porque
O corpo
E a mente
Sempre ires melhorar
Porque o teu património mais valioso
A herança genética
Foi apagada
Para evitar males naturais
E que nos tornam bem humanos
Iguais
À tal natureza
Mas pertences a um novo caminho
Que apesar de ser o espelho
De toda a nossa evolução
Tudo aquilo que conseguimos alcançar
Não tem a sua
Antiga
Primordial
E única beleza
E assim
Quando olhares em teu redor
Nada vais reconhecer de familiar
Vais pertencer a um mundo
Que vai tornar a humanidade
Que assim o paga
Cuidadosamente elaborada
Perfeita
Mas que não sairá de um útero
Mas sim
De uma avançada fábrica…