Enquanto Tu dormias…

Olhava-te

E andava em volta de Ti

Em reabilitação

Para me redimir das palavras sem sentido

Ditas

Que te feriam

Quando o meu objectivo

Era apenas alegrar o teu coração…

Caminhando sozinho

Procurando

O teu sentido

Andando em círculos

Sabendo que te sentias

Mas não te sentindo de facto comigo…

Olhando a madrugada chuvosa

A chuva que tanto temias

Velando ao mesmo tempo pela tua paz

Pela tua tranquilidade

Exorcizando

O que nos sobraria com o tempo

Uma desumana saudade…

Sabendo que a chuva

Que odiavas

Surtia esse efeito

Não por a temeres fisicamente

Mas que por uma série estranhos de factos do destino

Tinhas sido sempre abandonada em noites onde estava sempre a chover

Sem se despedirem

Sem te deixarem umas derradeiras palavras

Sem te deixarem nada

A não ser o lugar comum do vazio

E por isso eu lutava

Contra a tua inevitabilidade

Pois sabia

Que podias ter outros a seguir a mim

Mas essa dor

Ficaria para toda a eternidade

Porque te amava

Mas em simultâneo

Contigo

Sentia

Que era o dono do mais denso nada

E apesar de Tu

Seres aquilo que mais almejava

Aquilo que mais queria

Teria de partir

Efectivamente

Enquanto Tu dormias…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 03/03/2012
Código do texto: T3532218
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