PARA C. (2)

Há sempre uma expectação ingênua

Entre o pensar em ti e o sonhar contigo

Que é o vento que tremula as folhagens do meu pensamento.

Há sempre um medo concreto

Que me separa do destino e do dispor

Que nos trouxe pra perto um do outro.

Um medo que me torna pálido

E faz crescer uma flor amarela

Sobre o túmulo dos que, como eu, morreram de medo.

Esse medo ingênuo e expectante

Vem-me da infância, como um brinquedo,

Um calhambeque de rodas grandes e finas.

Você de repente se torna aquela bailarina

Que gira mecanicamente

Quando abro a caixa marchetada e lustra, perdida já

Entre os séculos que separam a criança que espera

Do homem que teme, porque conhece.

E de repente lembro que onde há o amor

Não há medo, e me encho de coragem

Recitando teu nome, sozinho,

Como um mantra...

28-02-2012

Valmont
Enviado por Valmont em 02/03/2012
Código do texto: T3531844
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