AGORA NÓS VAMOS.

AGORA NÓS VAMOS.

Um dia ela se virou e disse:

Não me agüento mais, vou-me embora.

No outro dia ela arrumou-se toda e saiu.

Pela tarde voltou e repetiu “me vou”.

Já pela noitinha ainda não tinha ido.

O que teria acontecido?

Amanheceu entre os meus braços e as coxas molhadas.

Não se contentou com a noite de despedida.

Levantou-se abriu a janela, ainda despida.

E falou:

“Olha só que formosura de corpo”

E num salto felino jogou-se sobre as almofadas.

Já que era dada as essas jogadas.

Ameaçou que ia e, não ia.

Gostava da indecisão, quem sabe lhe dava mais excitação.

Mas não. Chorava feito louca na hora da questão.

Rolava qual pedra de rio.

E de líquido de um outro rio se encharcava toda.

Um dia me falou “Me vou”.

Saiu toda arrumada e perfumada.

E pela tardinha quando voltou,

Abriu a porta e gritou –Voltei -.

Mas ninguém a escutou.

Em cima da cama um bilhete.

“Cansei de você prometer de ir e sempre voltar,

agora sou eu quem vou e não volto”.

Louca de raiva e desesperada,

Saiu sem roupa, pelada.

Gritanto volta, volta, volta.

E escondido, olhava-a nua, uma formosura.

Quando voltou toda banhada em lágrimas,

Ao me ver gritou – Desgraçado – cheia de furor.

Que emoção.

Sobre as almofadas as lágrimas e o suor.

Os odores, as formas, os abraços e os beijos.

Quando nós, no ápice do amor, gritamos:

“Agora nós vamos...”.

Romão Miranda Vidal.

ROMÃO MIRANDA VIDAL
Enviado por ROMÃO MIRANDA VIDAL em 20/01/2007
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