A uma Mulher

Pra vós são estes versos, pra consoladora

Graça dos olhos onde chora e ri um sonho

Doce, pla vossa alma pura e sempre boa,

Versos do fundo desta aflição opressora.

Porque, ai! o pesadelo hediondo que me assombra

Não dá tréguas e, louco, furioso, ciumento,

Multiplica-se como um cortejo de lobos

E enforca-se com o meu destino que ensanguenta!

Ah! sofro horrivelmente, ao ponto de o gemido

Desse primeiro homem expulso do Paraíso

Não passar de uma écloga à vista do meu!

E os cuidados que vós podeis ter são apenas

Andorinhas voando à tarde pelo céu

— Querida — num belo dia de um Setembro ameno.

Paul Verlaine

Zorro Poeta
Enviado por Zorro Poeta em 01/03/2012
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