O beijo!

Il BacioO Beijo! malva-rosa em jardim de carícias!

Vivo acompanhamento no piano dos dentes

Dos refrãos que Amor canta nas almas ardentes

Com a sua voz de arcanjo em lânguidas delícias!

Divino e gracioso Beijo, tão sonoro!

Volúpia singular, álcool inenarrável!

O homem, debruçado na taça adorável,

Deleita-se em venturas que nunca se esgotam.

Como o vinho do Reno e a música, embalas

E consolas a mágoa, que expira em conjunto

Com os lábios amuados na prega purpúrea...

Que um maior, Goethe ou Will, te erga um verso clássico.

Quanto a mim, trovador franzino de Paris,

Só te ofereço um bouquet de estrofes infantis:

Sê benévolo e desce aos lábios insubmissos

De Uma que eu bem conheço, Beijo, e neles ri.

Paul Verlaine

Zorro Poeta
Enviado por Zorro Poeta em 01/03/2012
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