Lassidão

Ah, por favor, doçura, doçura, doçura!

Acalma esses arroubos febris, minha bela.

Mesmo em grandes folguedos, a amante só deve

Mostrar o abandono calmo da irmã pura.

Sê lânguida, adormece-me com os teus afagos,

Iguais aos teus suspiros e ao olhar que embala.

O abraço do ciúme, o espasmo impaciente

Não valem um só beijo, mesmo quando mente!

Mas dizes-me, criança, em teu coração de ouro

A paixão mais selvagem toca o seu clarim!...

Deixa-a trombetear à vontade, a impostora!

Chega essa testa à minha, a mão também, assim,

E faz-me juramentos pra amanhã quebrares,

Chorando até ser dia, impetuosa amada!

Paul Verlaine

Zorro Poeta
Enviado por Zorro Poeta em 01/03/2012
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