DESEJO EM FOGO
Deita-me na cama envolventes de teus braços
E abranda esse fogo que em mim arde.
Suga-me baixinho sem alarde.
Refresca-me com teu beijo quente,
Dilui teus delírios em minha carne e sente
O afogar do consumido prazer.
Incendeia-me depois com tua gana,
Revolve as labaredas que consomem minha entranha
E bebe em fogo vivo esse querer.
Meus seios são delícias que se entregam
E em tua boca, como fátuo desintegra
Para intumescidos, cúmplices, te envolver.
Já te consome o incêndio que se alastra
Derrubando o bom senso, e em mim devasta...
Sou uma mata em chamas revolvida,
Uma fogueira em auges que estribilha.
Sobe em fúria tua força endurecida,
Deixa-me efervescer nesse ardor que te alcança,
Atira-te em meu flanco e apaga com tua língua mansa
Os vestígios da larva esquecida,
Pela tensa vontade em ti contida,
Que demandou o fogo aceso da paixão.
Agora sou brasa morta e saciada...
Nada pode conter essa majestosa aliciada
Que só teu poder em tudo fez acender.
Olha meu rei! veja minha chama de novo acesa,
Vem me entreter! estou servida em tua mesa,
Numa nova investida com leveza
Banqueteia-te nesse ardente comer,
Que há de durar até o dia amanhecer.