Não se fabricam poetas
Nenhum púlpito faz o Poeta,
nem se pode saber de onde vem:
se um minúsculo ser, ou um atleta...
Não tem rosto!... Só alma é que tem!
Do festejo não brota um Poeta.
Vem num dia qualquer, numa tarde,
sem convites, saraus... quase asceta:
não precisa o Poeta de alarde!
Não se torna, em verdade, um Poeta
o que aplausos se ocupa em buscar;
pois que a busca maior lhe é secreta:
seu sentir... e sua sede de amar!
Não se faz verdadeiro um Poeta
por mil versos dispor-se a escrever!...
Pode vir de um sentir que engaveta
e lhe explode da alma, ao sofrer!
Versos vêm! Não se traz como meta...
Um poema não é pura maestria!
É a poesia que escolhe o Poeta:
ele as deixa escapar... nunca as cria!
Não se faz por vontade um Poeta:
vem na Essência, e é disso que é feito...
Pois resulta, de forma direta,
desse amor que lhe pula do peito!
Mas o que realmente, é o Poeta?
É o que traz do Universo a alquimia
e se faz, do sentir que coleta,
"Big Bang" que explode em poesia!
Dedico este poema a um Poeta de Essência que nunca precisou
abrir mão de sua humildade ou obter consagração pública para
se fazer o mais brilhante e autêntico poeta de que já tive notícia:
Antônio Lycério Pompeo de Barros, meu tio!
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