Por um instante
Por um instante
“She” – Charles Aznavour
Queria que fosses um rosto
que eu não conseguisse esquecer.
Um gesto de ternura, um encontro de prazer,
algo de que nunca viesse a me arrepender,
ou um tesouro pelo qual tivesse que pagar.
Queria que fosses música que as fontes cantam,
radiante manhã de verão, brisa do outono,
ou ainda, quem sabe, tantas coisas diferentes
no espaço de um momento.
Queria que fosses sonho ou fantasia,
beleza fulgurante ou uma simples gota de orvalho sob o sol.
Algo que me saciasse ou me deixasse faminto de
novos encontros, onde pudéssemos transformar o agora
em permanente paraíso.
Queria que fosses realidade ou sonho,
sorriso refletido em face pueril,
ou quem sabe ainda, intrigante mistério
a ser desvendado.
Queria ver teus olhos profundos e atentos,
desfilar felicidade nos vales dos medos,
sem que sequer uma lágrima tenha sido vertida
por mim provocada.
E se esse amor não durar para sempre,
não sobreviver às sombras do passado,
as incertezas do futuro,
ou à memória que não resiste ao tempo,
mesmo assim quero tê-lo,
nem que seja por um instante.