Leito Acetinado
Quando o tédio se avizinha as almas se desalinham
De pensar que muitas lágrimas inundam a auto-estima
Subtraem sem pensar, os sonhos das pobres meninas
Desnudas em muitas calçadas, feito as onças caçadas
Carmim que tinge as bocas, oculta vontades loucas
De ser gente nada mais, para debandarem do cais
Em nome do Pai e do Filho, muitas perdem os trilhos
Hostilizadas nas missas, entre hóstias consagradas
Consagram à vida mundana, amores que as enganam
Passaporte do prazer dos muitos que pagam para ter
Porque somente à custa lavada do metal escancarado
Os rejeitados nos leitos, possuem o amor degradado
Massa de gente sem nome movida por sentimentos
Disformes sem qualquer título a ocultar a dor latente
Na busca de cada dia, um amor bem ao seu modo
Ser simples, ser nada mais, apenas poder ser gente
Leitos gelidos e rotos, transbordantes nos desejos
Escuridão que assombra as almas tingidas de medo
Segredos que se revelam sob a luz das fracas velas
Onde não cabe o amor, apenas as pobres quimeras.
(Ana Stoppa, inspiração poética, 01.03.2012)