PARADOXO
Dou-te esta dor,
não te noto pesar.
O inverno é o remorso constante
do meu olhar
para o rodízio de ilusões tidas,
exuberantes, atrevidas.
No teu verão escaldante,
esgueira-se uma esperança
bem perpendicular:
desnuda-se enquanto dança,
e lança tua alma no espaldar.
Deste-me este amor,
eu quero respirar, ar,ar...
Poema integrante do livro "Carne Íntima", 1984