PARADOXO
 
Dou-te esta dor,
não te noto pesar.

O inverno é o remorso constante
do meu olhar
para o rodízio de ilusões tidas,
exuberantes, atrevidas.
 
No teu verão escaldante,
esgueira-se uma esperança
bem perpendicular:
desnuda-se enquanto dança,
e lança tua alma no espaldar.
 
Deste-me este amor,
eu quero respirar, ar,ar...
 

 
 
Poema integrante do livro "Carne Íntima", 1984
Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 29/02/2012
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