Dama da Noite
De relance, te vejo passar leve como uma lufada de vento morno; harmoniosa como uma rolinha desgarrada, no umbral da noite, recitando Neruda.
Já não me bastasse a torturante falta de teu sorriso, da música que flui de tua boca quando me nomeias, este sofá vazio, impiedoso, me diz que tu aqui não estás.
(Há um cheiro insidioso de Dama da Noite que não despega de minhas narinas; há um desembestado desejo de te ver de cabelos molhados uma vez mais)
(E estou arquitetando, a la otomana, planos mirabolantes para assassinar essa toalha que trazes no corpo enrolada – maldita toalha que não te deixa completamente desnuda!)
Prometi ,meu amor, solenemente, me retratar de um crime que não cometi...
Terra dos Sonhos, manhã de uma Quarta-Feira bissexta de Fevereiro de 2012.
João Bosco