AMOR LONGE DO FIO DA NAVALHA
(Sócrates Di Lima)
Cortei o tempo na navalha,
Separei o ontem do amanhã,
O hoje minha vida retalha,
No amor insano longe do divã.
Abro minha janela ao despertar do Sol,
E os braços para minha amada receber,
Ela vem com o frescor da brisa deste arrebol,
Fazendo belo o meu amanhecer.
A janela é minha, mas, ela tem passagem livre para entrar,
E nos braços a tomo em núpcias de amor,
E sobre o leito o amor a saudade dela vem se deitar,
E em espasmos nos unem sem pudor.
Ah! Basilissa, o amor da manhã a alma lava,
Os desejos múltiplos o amor santifica,
E os corpos cantam o ritual que salva,
O tempo hoje que se refaz e fica.
Quero nos teus braços Basilissa, sempre me recompor,
E dos teus olhos fazer cada meu verso,
No teu sorriso Basilissa me deleitar de amor,
Na harmonia do nosso universo.
Ah! Basilissa, o meu desejo aflora o seu coração,
E faz-me amar na doçura do bem querer,
Tenho um oceano de razão,
Para este amor de sempre intensamente viver.
Há que sucumbir as tristezas do ontem,
E nelas nunca mais pensar nem hoje e nem no depois,
Desincumbindo da sorte do "pós mortem"
E viver a renovação da minha alma que purificada foi.
Com a navalha afiada da minha sabedoria,
O ontem se sucumbiu , hoje o meu amor é bem maior,
E na voz melodiosa que embala a minha poesia,
Faz do encontro de hoje a vontade de cuidar ainda melhor.
Assim, na luz da minha harmonia,
Faz em nós a espalhafatosa alegria,
Que ao longe se ouve os gritos de euforia,
No encontre de almas em plena luz do dia.
E assim o nosso amor o tempo corta,
Se refaz nos braços do amor que se espalha,
Dentro dos nossos corações o que mais importa,
É que de tão seguro, este amora está imune ao fio da navalha.