AMOR DE DESERTO

Vou te polvilhar

Achar na tua pele minhas pegadas sumidas

Minha vida que ficou estacionada do lado de lá

O amor brota noite adentro

Comungo com cheirinho de coentro

Escorro na amplidão do deserto

Poros grudentos hálitos quentes

Ventos que se moldam

Escaldantes instantes

Rodopios de bailarina

Bailados indecentes sob o céu cor de azulejo

Desejos abertos ao som do realejo

Como flores de bocejo

Estar em ti

Como pássaro bem-te-vi

Como pingo no i

Distrais-me

Contrais-me

Tirando águas leitosas que encontrais

Nas digitais espinhosas dos decoctos cactos abissais

Sais de mim como essência de terebintina aguarrás

Levando leite da pedra

Sulcada até a cúspide da raiz desnuda

E vais embora sabe-se lá pra onde

Perdida pelo triangulo das bermudas

Levando camuflado meu ás e minha áspide

Com absoluta ausência insondável de mim

Minha sede cessara a serpente fora vencida

Pelo ferrão da fêmea escorpião

E eu fico pensando que nessa partida

Ela agora leva em si uma vida

Além da vida... E nada morre em vão

Diante do canto triste do corrupião...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 28/02/2012
Reeditado em 29/02/2012
Código do texto: T3526217
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