Infecção






Este é o menor formato da paixão.
A expressão do fogo extinto.
O gênero oculto, pervertido.
E a imagem preservada na repetição.

Então, é retrato.
Pra ser ícone, irreal e adorado.
Distante do humano, do vício,
o semblante utilitário,
e a normalidade não execrável.

Mas há uma fissura na imagem côncava,
por onde se projeta a reptília.
E após o ponto de fusão do desejo trancado,
seviciam os corpos opostos,
como os cães em matilha.
Laceram a carne com dentes inquietos,
arrombam o sexo, como instrumento cirúrgico,
depois explodem, tornam-se espasmo.
Aí se voltam para o outro lado do muro.
Pergunta:
Foi apenas acaso?

Cobre-se o rosto, com a malha da razão.
Tranca-se o sexo dentro de um porão.
EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 28/02/2012
Código do texto: T3525847
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