Ousar
Construo
janelas no vento,
rosas e vendavais.
Construo
um arco-íris
no céu
de minhas entranhas.
Quantas coisas ousei
construir e desconstruir.
a pele,
o orvalho,
a flor,
os encantos
em pedaços de estrelas.
Quantas coisas ousei
e não ousei.
A morte,
o presente,
o amor em cifras.
A vida nua,
balançando
nos arrebóis
e um desejo sutil
dentro da carne
surge do abismo
e consome
velhos retratos,
cinzas.
Em torno
de ásperas sílabas,
suspensas
nas margens
do coração.
(Verônica Partinski)