Sobre as palavras
Não te abales com o ruir
Das minhas palavras,
Que ora voam como pombas singelas,
Ora desabam como chuva torrencial.
E não respondas, nem te importes
Se te soam gritos, sussurros ou silêncios.
Cabe ao poeta gritar, murmurar e calar-se,
E fazer tudo isso na ordem contrária.
Sem amores desconexos e irrealizados
O que seria da poesia?
Não te impressiones com a aparente loucura
De quem explode e se recolhe
Como vulcão ou seca intermitente.
Quem sabe o que há na mente
De quem luta com palavras?
Não te importes, apenas leia.
Palavras são como folhas de outono
Que o vento leva; em abandono,
Se vão e não mais retornam.