Cenário
Há sempre um tempo,
delicado e cristal
a repousar
em dóceis asas
e cantarolar
um blues
para um amigo distante
numa noite de chuva.
Há sempre um tempo,
escondido
em páginas desnudas
a germinar flores,
metáforas
e saudade.
Quem sabe...
fugas,
desejos,
poetas secretos,
em busca de deusas.
Frente ou verso,
não importa.
Teço fio por fio
na navalha.
Imprimo
em tuas fendas
um íntimo cenário
azul-violeta
entrelaçado,
detalhado,
esmiuçado
de tuas ausências
a beber no céu
de teus pecados.
(Verônica Partinski)