Cenário

Há sempre um tempo,

delicado e cristal

a repousar

em dóceis asas

e cantarolar

um blues

para um amigo distante

numa noite de chuva.

Há sempre um tempo,

escondido

em páginas desnudas

a germinar flores,

metáforas

e saudade.

Quem sabe...

fugas,

desejos,

poetas secretos,

em busca de deusas.

Frente ou verso,

não importa.

Teço fio por fio

na navalha.

Imprimo

em tuas fendas

um íntimo cenário

azul-violeta

entrelaçado,

detalhado,

esmiuçado

de tuas ausências

a beber no céu

de teus pecados.

(Verônica Partinski)

Verônica Partinski
Enviado por Verônica Partinski em 19/01/2007
Código do texto: T351835
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