AMARÍSSIMAMENTE
O amor tão só, distante e valente
Como uma saudade que alivia e não faz chorar
É o amor conjugado em gênero e número
Num tempo qualquer sem saber reclamar.
O amor com o qual eu amo, mas não me ame
No ápice de um querer somente,
É tão preciso e inconseqüente
Quando juro que não há desejo em tê-lo por troca.
Mas se o encontro escondido num encanto
Que me deixe perdido, iludido e distraído,
É porque não sou digno de tê-lo
Sem ao menos me tropeçar em buscas desenfreadas.
O amor contraditório em antíteses clássicas
De uma época Lusa,
Talvez é o amor ilusório que transforma
A palavra serena e confusa.
Um amor moderno com beijos gratuitos
Sem precisar de um furto
Ou um amor transcendente
Que encubra o halo da alma da gente
É o amor corriqueiro
Que impregna no âmago dos poetas herdeiros.
Amaríssimamente estou
Tão preso ao laço do amor,
Tão certo que o encontrei num véu de salutar embriagues,
Não efêmera como um verso ligeiro,
Mas longa como a crença dos desiludidos,
Que me permito sonhar com o cheiro assaz
De um liame que me conduza ao amor esquecido.