AMARÍSSIMAMENTE

O amor tão só, distante e valente

Como uma saudade que alivia e não faz chorar

É o amor conjugado em gênero e número

Num tempo qualquer sem saber reclamar.

O amor com o qual eu amo, mas não me ame

No ápice de um querer somente,

É tão preciso e inconseqüente

Quando juro que não há desejo em tê-lo por troca.

Mas se o encontro escondido num encanto

Que me deixe perdido, iludido e distraído,

É porque não sou digno de tê-lo

Sem ao menos me tropeçar em buscas desenfreadas.

O amor contraditório em antíteses clássicas

De uma época Lusa,

Talvez é o amor ilusório que transforma

A palavra serena e confusa.

Um amor moderno com beijos gratuitos

Sem precisar de um furto

Ou um amor transcendente

Que encubra o halo da alma da gente

É o amor corriqueiro

Que impregna no âmago dos poetas herdeiros.

Amaríssimamente estou

Tão preso ao laço do amor,

Tão certo que o encontrei num véu de salutar embriagues,

Não efêmera como um verso ligeiro,

Mas longa como a crença dos desiludidos,

Que me permito sonhar com o cheiro assaz

De um liame que me conduza ao amor esquecido.

Márcio Ahimsa
Enviado por Márcio Ahimsa em 19/01/2007
Código do texto: T351709