Uma Vez…
Antes das minhas primeiras palavras
Mais concisas
Mais consistentes
Mais clarividentes
Disseram-me
Que um ser
Tem uma altura
Para por todo em causa
Para tudo contestar
Para amar de forma desenfreada
Para sentir
E ter uma necessidade vital de tal mostrar
Porque depois se seguiriam os anos
Em que tudo isso negaríamos
Tudo isso votaríamos ao ostracismo
Seriamos conservadores
Mas adultos
Mas maduros
“Pragmáticos”
Foi a palavra que não entendi
Mas que resumia tudo isso
Uma coisa que acontece
Quando a idade
E a vida
Nos começam a marcar demasiado
Nos desfaz os sonhos
Nos devolve as verdadeiras cores da realidade
E assim
Em vez de um ser se abrir
Um ser se iria fechar…
Nunca mais diríamos a quem amamos
Que amamos essa pessoa
Com todas as palavras
Dizendo de forma disfarçada
E nada clara
De uma forma tão escamoteada
Que tal seria uma forma de autismo
E teríamos que esperar que quem amamos
Não fosse desta forma
E que visse amor
Que nunca deixa de existir
Nessa forma de mutismo…
Porque o contrário
Seria não crescer
Seria não evoluir
Porque dizem
É prova de imaturidade
De infantilidade
Essa forma de sentir…
Então cresci
E vi tal acontecer
A toda a minha volta
E decidi
Ser eternamente criança
Fazer o contrário da lei da vida
Da lei da evolução
Decidi
Ter sempre perto da boca
O meu coração
Decidi
Sentir
E nunca esconder tal
Decidi
Que sentir
E exibir tal
É o meu mais supremo
E conseguido Ideal…