Os tempos começam a mudar…
Quando és um cisne
Á luz do dia
E não somente ao luar
Porque o reflexo que contemplo
É o mesmo do teu corpo
É o mesmo do teu olhar
Deixando de ver uma batalha
De puro mitigado e exagerado sofrimento
Passando sim a ver determinação
Onde as mágoas são pormenores
Às quais não dás muita importância
Ao invés de ser o mote
E a estrofe principal
Da tua canção
Porque te deixas de comportar
Como um náufrago
Que está à espera que o venham salvar
Tu nadas para a costa
Deixando o teu lugar no barco
Para alguém que não tem forças
Ou para alguém
A quem as forças de facto estão a faltar
E assim o cisne deixa de ser narciso
Assim o cisne deixa de ser vítima
Assim deixas de ser
O que nunca foste
Mas que gostas de parecer
E assim ganhas asas
Deixando o reflexo da eterna contemplação
Deixando a barca
Que só em ti naufraga
Abraças a existência
Entras em lutas
Sabendo que as podes perder
Mas ganhas ao entrar em tal
E com tal ganhas a caução de uma existência
A essência perdida da tua alma…