A CONSTELAÇÃO DE LEÃO




Da forma que prende os braços,
não se depreende muita resposta.
Importam mais as asas abertas,
mesmo que de fibra de vidro,
de penas falsas e goma arábica.

Longe de ser ícaro, o equivocado,
é um pássaro sintético,
de canto duodecafônico,
dentro de um Fabergere assinado.

E há muita vergonha para se escandalizar,
muito jogo onde se roubar,
crimes a se modernizar,
gerações para se organizar,
há o poder em suas mãos 
e frases longas sem pontuação
para monopolizar a catarse da turba
que persegue desculpas para o sol
feito de ultraje e lápis de cor.

Mas está sempre tudo ok,
Aqui, em sampa ou na Finlândia.
Não tem cisne?
Toco o acordeon e a calopsita morre.
Não tem chave de roda?
Dá pra improvisar com torpedos
e meia dúzia de besteiras.

Fala que eu te escuto......
haverá um doublé para Truman Capote?
Se tudo o que é feito é esquerdo,
então capriche na assinatura.
Todas gritam.....

Quem vai querer um Mahler engarrafado?
Quem vai querer um Dior embalsamado?
Economistas, vampiros, políticos, esfarrapados,
faltou algum motivo para o escarro?
Eu não quero ver o céu de granito manchado.
Eu não quero ver o chão de morangos pisados.
Quero apenas os olhos, em câmera lenta,
e o brilho de um poeta amordaçado.





EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 21/02/2012
Reeditado em 05/02/2013
Código do texto: T3512191
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