Inspiração Perdida

Busco a inspiração que perdi sem perceber,

tento as rimas em escala sem cor

onde no azul escondeu o grande sonho

do autor que descansa sem nada ver.

Reli os versos que um dia escrevi,

refiz os caminhos que ainda escondem

os passos que tentei,

pintei um sorriso na face mas sem forças,

não resisti...

Onde foram colocados as vírgulas e os pontos que criei?

Vazio assunto,

fecha-se o tema no absurdo que cantei

entorpecida na dor, em saudade me calei...

Que falem os rios do lirismo que tanto encantou,

movam-se as montanhas na fé do profeta

que ao seu deus tanto clamou,

falem os céus do amor,

até que a noite chegue no corpo que esperou.

Calo-me outra vez na voz rouca da paz

que já sem tom adormeceu,

os olhos cansados não buscam mais pela vida,

a inspiração,

as mãos esguias há muito jaz sobre a folha,

seu apogeu...

Onde estão colocadas as lentes que me fazem

enxergar algum Deus?

Por quantas palavras fui criada

e por quantos atos criei e recriei?

São minhas as sombras que vestem

o passado que trilhei...

Turmalina alma a forjar a jóia que o Nilo

um dia abandonou,

o ouro não reflete mais o sol que em

jardins um dia reinou,

nem mesmo as aves sobrevoam os versos

do poeta que a vida ao amor rimou...

Vai o sol além da janela sem cor entregar-se

ao repouso dos bons, cumprida a missão,

resta-lhe apenas entregar-se ao amor que aqueceu

e em raios de paz, despede-se da lua

que surge em apenas um tom...

... E assim fui,

apagando a borracha que ainda

apaga a vida das entrelinhas que escrevi...

28/11/2006

Aisha
Enviado por Aisha em 18/01/2007
Código do texto: T351195