Caos
Olhe quantos homens,
juntos e separados,
a entoar uma igual canção.
No meio da grande população,
repartindo, com frieza,
os que já não tem mais coração.
Pois estes foram roubados.
Amáveis roubos
que o amor fez,
cada um por vez,
e do seu particular jeito,
para deixá-los repousados em leitos
feitos de amigos.
Em troca, o amor,
para não deixarem coisas-algumas andantes,
sem pensamentos e vagantes,
ele nos dá os opostos
(sofrimento e felicidade),
que juntos tem um filho
chamado confusão.
E todos os homens,
iguais agora,
estão sem o amável coração.
Todos sofrendo para toda a imensidão.
E continuam repartindo
corações de seus colegas,
para assim tentarem se livrar,
sem efeito, do amor.
E olhe o caos,
que tragédia, que horror,
o desespero de não quererem mais
esta incrível dor.
Que já os consumiu
sem menor complicador,
tudo o que restou do ex-sujeito.
E este, desesperado,
crente que já aprendeu,
que já sofreu
tudo que necessitava,
tenta a ineficaz procura
pela cura
deste patológico amor.