A FADA E O FAUNO
(Excerto de um Conto I)


- Ah, vida malvada, dê-me algum alento!
Era em sua alma o lamento inclemente,
do muito que andava ao léu, tão descontente;
e assim era o seu ser: choro e desalento!

Até que num dia, em passeio campestre,
alguém encontrou, afinal, a coragem;
saiu d'entre as sombras dos bosques à margem,
fez de seu amor mentor, guia, seu mestre.

E, em se acercando da jovem em tristeza,
pousando-lhe os olhos de supremo encanto
com gesto de uma inigualável beleza
tocou-lhe no rosto - sustou-lhe o pranto!

"- Humana; não mais chores tanto, amada;
teu mundo não é o desse pranto insano!
Deixa tudo; vem! Seja, aqui, uma fada,
pois tua vida, aí, é acidental engano!..."

E ela - apesar do susto inegável,
mas sempre de coração pronto à vida
logo se encantou do ser belo e amável;
viu nele sua felicidade escondida!...

Seguiu-o! E entrelaçaram-se as suas mãos;
e hoje há quem veja, nas luzes das matas,
um fauno feliz, tocando com os irmãos
e uma nova fada, a bailar nas cascatas!...




Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 18/01/2007
Reeditado em 25/06/2007
Código do texto: T350984
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.