A constelação de peixes




Meu maior talento, é esculpir no ar.
Fazer o sonho virar fumaça,
para penetrar em seus pulmões,
e adormecer seu cérebro hiperveloz..
E se meus anjos sobem e descem,
como que fugindo da metrificação,
não digo que de todo, estão errados.

Pois vi o sol da perspectiva do cubismo,
nascendo tedioso pelas grades da prisão.
Agora sou livre de toda regra e forma,
pois até mesmo a novidade,
será em breve o gesso de suas pernas.
E a pena se calará.

Então me leve daqui, para sempre,
antes que eu me encerre de vez,
em uma jaula art deco.

Não nasci para a imortalidade,
nem morrerei pelas mãos do silêncio.
Amordaçado ainda digo com os olhos.
Com as mãos quebradas ainda danço,
com as asas de chumbo de meu pesadelo,
com os sapatos de nuvem
do meu atrevimento.

Pois me acostumei a ser duplo,
quando o céu era só um globo de vidro
sustentado por um titan inacabado,
e já estava eu fendido em dois lados.
Pois só pode se libertar de escuridão
aquele que a traz no peito, fundida,
dela fazendo este corpo que lhes apresento.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 20/02/2012
Código do texto: T3509743
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