Sofreguidão que somos
Quando senti as tuas mãos
à volta do meu pescoço
e um frémito a percorrer-me o corpo
soube que começava ali,
à luz pálida do teu quarto,
o momento da dádiva mútua.
Teu corpo ofegante abriu-se
às minhas mãos
que navegam como barcos
os lagos do teu corpo.
Beijo-te as coxas
o ventre e os seios e tu pedes-me mais.
Na sofreguidão que somos
já nada resta que se não faça.
Por fim, a exigência final
que se prolonga até ao êxtase
que não controlamos.
Longamente confundidos
nenhum beijo se perde
até que o sono nos vença.