Fado, alma da nossa gente

Quem sabe,

se o gosto salgado do mar

na advém das lágrimas de uma fadista,

do rosto de uma artista

que um dia as derramou

através de o seu entregar.

Quem sabe,

se não foi este Tejo rio

tão virgem e tão frio

o veiculo do Criador

que te trouxe com amor

que te deu o encanto,

que se tornou nau, ou talvez sereia

do nosso primeiro canto,

por Luis Vaz de Camões imortalizado.

Quem sabe,

se nasceste com a garra e o talento

para ser fadista,

se lutaste para ser artista,

nem isso tão pouco para ti é importante

se da coragem sacas alento

para seres tu, só tu em todo o instante.

Quem sabe,

se por esta e por todas as vezes

que as luzes se quedem de intensidade

tu cantas a verdade da nossa alma

no correr do sangue deste povo,

que voa sobre um gemer trinado

de um ser, de um ser que se torna fado.