INUMANO AMOR

Fujo da vida. Esquino-me da realidade. Escondo-me.
Mas não quebro nenhum pedaço de sonho teu.
Liberto-me na loucura que me visita o leito,
Nas noites e nos dias não mais meus. Vejo nuvens escuras.

                                                                 Devastadora revolução!

Os caminhos são incertos entre penumbras,
Não mais há um céu limpo a que possa contemplar.
O arco-íris perdeu suas cores no mundo. Tudo é negro.
Ou branco. O horizonte são incontáveis milhões acinzetados.

                                                               Incertezas contempladas!

Retalhos de tempos outros e tantos se juntam num olhar.
Sim, há um olhar que me toca as extremidades do ser.
Alma e corpo se fundem e tudo se embaraça. Enevoa.
Há um olhar que me come as essências em tantas já vidas idas.

                                                                    A ti, amei na eternidade!

Quero esse olhar, antes que eu me desfaça,
Antes que eu de mim me morra e me emudeça.
Quero esse olhar a se repetir no eterno da vida,
Quero esse olhar a me zelar no eterno da morte.

                                                        Se te perdes de novo , acho-te!

As flores não sabem mais que as vejo,
As pedras não sabem mais que as vejo,
Os seres não sabem mais que os vejo,
Eu não mais vejo nada. Mas vejo-te. Sabê-lo-ás tu?

                                Sonha e me contempla antes de teu nascimento!
                                            E de teus renascimentos. Eu já estava lá!


Pois que devo em mim matar as flores, as pedras e os seres.
Passo por eles. Vivem. Não os vivo. Sem outro olhar, quero-te.
No amor e na paixão, se adormeces voo sobre teu leito.
Bebo-te, devoro-te, maculo-te, amo-te não querendo te acordar.

                                                                                Não te preocupes!
                                          Apenas sonha, que de outras eras te zelo!

Não podes acordar. Poderás temer ou irreconhecer
A monstruosidade do sentimento a vibrar sem controle.
Durma. Sonhe. Durmo contigo. Sonho contigo. Além vou.
Na liberdade de minha insanidade, tu me és amada e refém.

                                                                          Nada nos é impossível!

Quantas vezes já entrei e sentei, sem que percebessses?
Quantas vezes toquei ventos de ti para não me tirasses teu olhar?
Quantas vezes te amei em orgasmos de uma vida inteira,
Concentrados na intensidade de momentos eternizados?

                                                           Não divido tua dor nem teu amor!
                                                                             Quero-os tresloucado!


As lágrimas de teus olhos me correram como sangue,
A se pender de teu coração. Caíram em minha alma.
Queria te tirar o mundo. Queria te tirar as flores.
Queria te tirar as pedras. Queria te secar as lágrimas.

                                                               No frio e no fogo eterno, minha!
                                     Nas vidas e eras passadas e vindouras, minha!


Amar-te humanamente seria como um bálsamo,
Se possível a mim fosse assim te amar tanto.
Mas, amo-te em cada canto de qualquer coisa,
Sana ou insanamente, consciente ou inconscientemente.

                                             Egoísta, amo-te com uma dor insuportável!
                                          Mais insuportável é não ter a dor de te amar!



Péricles Alves de Oliveira

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 18/02/2012
Reeditado em 18/02/2012
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