O Sol do (nosso?) Inverno

Onde só nos deixámos tocar

Pelo calor essencial

Primordial

Permanecendo voluntariamente frios

Apesar de sabermos

Que esse calor era fundamental

Mas temendo tal

Porque em vez de bem

Receávamos

Que nos podia mal…

Estando em hibernação

Depois de não termos gostado

Da ultima estação das monções

Em que a tempestade vivida

Sublimou

Determinado tipo de emoções

Que preferíamos desconhecer

E muito menos sentir

Preferíamos obliterar

E não termos descoberto

Que viver essas emoções

Era a forma mais adequada

De qualquer um de nós

Correctamente se exprimir…

E assim entrámos no Inverno

E para a ele sobrevivermos

Entrámos em hibernação

Onde tudo o que fosse exterior

Que estivesse fora de nós

Que nos pudesse magoar

Preferimos ignorar

Ignorando

Ou não querendo ver

Que tal não era exterior

Que tal estava bem dentro de nós

E por isso

Não adiantavam para nada

Qualquer tipo de protecções

Qualquer tipo de defesas

Porque mais tarde ou mais cedo

O estado de ausência iria acabar

E a ausência do que era real

Natural

Em vez de nos permitir sobreviver

Curar

Só nos iria matar

E assim

Abrimos a janela

E deixámos

O Sol

O ar entrar

Reparando

Que o Inverno tinha acabado

Há demasiado tempo

E que ele só existia

Só tinha existido em nós

E por isso

Mesmo acompanhados

Por demasiado tempo nos sentimos sós

Porque nos deixámos iluminar pelo

O Sol do (nosso?) Inverno

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 16/02/2012
Código do texto: T3502421
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