O Sol do (nosso?) Inverno
Onde só nos deixámos tocar
Pelo calor essencial
Primordial
Permanecendo voluntariamente frios
Apesar de sabermos
Que esse calor era fundamental
Mas temendo tal
Porque em vez de bem
Receávamos
Que nos podia mal…
Estando em hibernação
Depois de não termos gostado
Da ultima estação das monções
Em que a tempestade vivida
Sublimou
Determinado tipo de emoções
Que preferíamos desconhecer
E muito menos sentir
Preferíamos obliterar
E não termos descoberto
Que viver essas emoções
Era a forma mais adequada
De qualquer um de nós
Correctamente se exprimir…
E assim entrámos no Inverno
E para a ele sobrevivermos
Entrámos em hibernação
Onde tudo o que fosse exterior
Que estivesse fora de nós
Que nos pudesse magoar
Preferimos ignorar
Ignorando
Ou não querendo ver
Que tal não era exterior
Que tal estava bem dentro de nós
E por isso
Não adiantavam para nada
Qualquer tipo de protecções
Qualquer tipo de defesas
Porque mais tarde ou mais cedo
O estado de ausência iria acabar
E a ausência do que era real
Natural
Em vez de nos permitir sobreviver
Curar
Só nos iria matar
E assim
Abrimos a janela
E deixámos
O Sol
O ar entrar
Reparando
Que o Inverno tinha acabado
Há demasiado tempo
E que ele só existia
Só tinha existido em nós
E por isso
Mesmo acompanhados
Por demasiado tempo nos sentimos sós
Porque nos deixámos iluminar pelo
O Sol do (nosso?) Inverno