Dipirona sódica



Se é amor que me entrega o corpo,
fraco, combalido e quase morto,
não peço de volta minha antiga forma,
agora sepulta e para sempre perdida.

Essas palavras eu escrevi,
com ferro e pólvora no corpo,
pra que de mim nunca partissem,
nem no silêncio se perdessem.

O que se faz com a paz do analgésico,
que fazem minhas mãos independentes,
fazem minhas frases fazer sentido,
me aumentam a febre  e a vertigem?

Pro inferno com o sentido,
eu quero mesmo é o deboche.
Nesse carnaval de sentimentos cafonas,
concorro na categoria de várzea:
Persistênsia em poesia prèt-a-porter.




EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 14/02/2012
Reeditado em 14/02/2012
Código do texto: T3499567
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