Natureza Morta
Processo crônico debilita a aorta
Por onde vagueia um sangue sem cor,
Nas veias se pesquisa o tom agudo do amor
Para que na partitura emocional não haja natureza morta.
Numa paisagem eólica o ar desnutre a dor
E nas folhas que caem renova-se a esperança,
Na concepção de que liberdade parece lembrança,
Há dogmas casuísticos que absorvem emanações de amor.
Árvores despidas de outono respiram a frieza do tempo
E trazem um novo verde que edifica inexpugnável monumento
Em que se guardam resquícios de velhas raízes...
Sementes são levadas pelos ventos e por alados voadores
Que fazem germinar caricaturas de novos amores
Deixando no seio da terra o sangue gangrenado das cicatrizes!