Palavras apaixonadas

Ela me disse algo e seus lábios

Bailaram sob as nuvens de um dia claro.

Como se fossem perfumes verdejantes.

As palavras se perderam,

Já não era preciso a imperfeição

De seus verbos e conjunções.

Já não havia mais nada que pudesse

Falar mais alto,

Que a mudez de nossos corpos.

Nada que pudesse gritar mais alto

Do que os suspiros presos e expelidos pelos pelos.

Já não se havia luz para me guiar na noite,

Somente seus beijos juntos ao surto dos desejos.

A lua caia pratiada no negro dos teus olhos,

Foi quando me perdi na imensidão de tua alma.

Quando em teu olhar ouvi a doce calma

Derramada na sede de tua boca.

Nunca sentirei novamente a febre dos teus lábios,

Nem a dança maluca dos teus cabelos a meia-noite.

Por que em mim você se perdeu.

O medo de um fantasma lhe apavorou

E você nem se tocou quando o fantasma do medo lhe agarrou.

Meu coração tem as paredes rabiscadas pelo teu amor.

Assim como meu corpo, que por inteiro tua boca tocou.

O lamento das coisas e das quase palavras

Me agridem nas manhãs mal iluminadas.

Me fazem só lembranças,

Um admirador dos fragmentos do passado.

Suportar me fez supor

Que nada mais de você voltará.

Que teu brilho se perdeu em meu olhar,

Que teu beijo comigo sempre estará,

Preso em lembranças, fardo que terai que carregar.

Alexandre Rodrigues de Lima
Enviado por Alexandre Rodrigues de Lima em 13/02/2012
Reeditado em 20/03/2016
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