Canção e dor.
Digas então
Quem sou em ti?
Que dizes?
Calas?
Há que calar para o infinito
Não venhas no depois a buscar-me.
Calas!
Não te mexas mais em nada.
Não há mais palavras a ser vivida contigo.
Ó! Como estou perdida em meu coração,
Solitário,
Cansado,
Em trevas.
Em dor.
Não mais quero te ver em minha alma,
Meu corpo.
Meu todo.
Nem quero mais que o tudo de mim
Leves.
Calas tuas falas
E pronuncias minhas lembranças em teus pensamentos.
Pois tens em teu ser o meu querer
Sempre!
Olhas que nos segue agora
Ao término dessa canção.
Não será mais as tuas mãos a me tocar.
Não será teus braços que terei.
Ó que saudades dos teus abraços!
Quem fui?
Quem sou?
Indagações perdidas
Em espaço.
Em tempo.
E sem tempo.
Digo-te!
Em voz e tom
Em canção e dor.
Digo-te!
Vou seguir
Por um segundo
Essas linhas
Que escrevo
Na esperança de encontrar-me.
Quis eu prolongar
Mas agora basta!
Agora basta!
Antes que parta,
Deixas escutar em doce voz
Chamar-te de “amor meu”.
Vou com o vento.
Não me verás mais.
Não serei mais a gota
De amor
Mantida em teu poder
Encarcerada.
Quem sou em ti
Não importa mais.
Pois o que sou
Não verás.
Outro verá.
Perdeste-me.
Pois de ti
Fui!
De ti
Não sou mais.