Soneto de Devoção

Essa mulher que se arremessa, fria

E lúbrica aos meus braços, e nos seios

Me arrebata e me beija e balbucia

Versos, votos de amor e nomes feios.

Essa mulher, flor de melancolia

Que se ri dos meus pálidos receios

A única entre todas a quem dei

Os carinhos que nunca a outra daria.

Essa mulher que a cada amor proclama

A miséria e a grandeza de quem ama

E guarda a marca dos meus dentes nela.

Essa mulher é um mundo! — uma cadela

Talvez... — mas na moldura de uma cama

Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

Vinicius de Moraes, in 'Antologia Poética'

Zorro Poeta
Enviado por Zorro Poeta em 12/02/2012
Código do texto: T3495413
Classificação de conteúdo: seguro