POEMA OBLIQUO

Estou sempre distorcendo o reto em favor do oblíquo.

Não pergunto ao tempo se vou ou se fico;

Vivo sempre em alerta, na retaguarda,

Feliz ou infeliz sobrevôo o que me aguarda;

O inusitado, o antigo, e o solene.

Grito com fúria ao infalível que pretende

Esfacelar meus conceitos de vida.

Ainda que me maldiga, percebo ser inserida

neste céu de nuvem torta.

Em mim nada mais comporta;

Estou repleta de erros e farta de acertos.

Ou atravesso o destino à nado exigindo direitos,

Ou vou de barco, acenando para as oportunidades,

Entregando-me a elas como a amante eleita.

Reviro o avesso da minha faceta,

Deito para fora as minhas meias-verdades

Subtraindo o que de bom me restou.

Assim, meio alheia me vou.

Sirvo ao Deus da interrogação

Que com esforço ainda tenta suprimir

O inefável e corruptório X da questão.

Agora sugue, língua voraz, o meu cansaço,

Para que eu possa descansar em ternos braços;

Sonhar venturas sem medo de dormir.

Rose Arouck
Enviado por Rose Arouck em 17/01/2007
Código do texto: T349382