ESTOU SÓ
Deixei meu coração partido
nas calçadas lamacentas do itinerário perdido.
Bêbados pisaram e soltaram
Seus escarros com cheiro ocre por sobre o sangue embebido .
Caminhei trôpega, de peito vazio e lacre profundo,
Como uma sombra que se esgueira pelos becos da vida,
Com medo da noite e do mundo,
Tripudiando com a face do horror em mim inserida.
Os titãs já recolhem o manto de estrelas, e a claridade me apavora!
Sou Dora, sou Cora ou sou Berenice?
Desváiro fecunda de opróbrios na minha sandice,
e, consigo fugir do amaranhado de sóis
tecidos pela insipidez de meus nós,
desvelados pela avidez das quimeras.
Estou parcialmente vestida de som...
do barulho que escoa das gretas da rua,
embora sinta-me repletamente nua.
Estou só...eu e o vento que sibila nas frestas do tempo.
Tenho que caminhar para chegar
onde eu possa ficar com meu desalento.
Tento...ser eu, por fugaz momento,
e descubro que me assimilo ao fantasma de mim;
o que gargalhou da miséria do mundo
num esgar profundo
Inclemente à sua dor.
Agora sou nada... aonde for.
Aonde estiver meus restolhos
Serei apenas o que colho
para não deixar matarem em mim o amor.