Sangramento
Eu vou lhe deixar uma carta
Debaixo do capacho da porta
Ou na caixa do correio
Vou falar de amor e ódio
Pois é tudo o que resta
Neste coração sem dono
Entre uma mulher e um homem
Não existe democracia
Uma cama é tudo o que há
Eu vou lhe deixar uma carta
Com a secretária ou com o barmen
E também na mesinha da sala
Vou falar da escuridão
Pois não deixo a luz
Cegar-me
Os mortos não vão se levantar do chão
Há mais ossos na terra
Que sonhos em nossa imaginação
Eu vou deixar uma carta
Depois de um corpo
Vem outro corpo
Todo dia sou cruxificado
Todos cospem na rua
Sou uma estrela que sangra