SOLIDÃO
JB Xavier
JB Xavier
Folheio-te no livro de minha vida,
Em cujas letras apagadas teu nome ainda brilha
Como brilham as estrelas em seus passeios siderais...
Bebo-te na fonte quase extinta de meus sonhos
Sorvendo as preciosas gotas de lembranças
Que ainda gotejam sobre a terra ressequida de minhas esperanças...
Tatuei-te um dia com ferro em brasa em minha alma
Para estar certo de que o Tempo não te roubaria de mim
E hoje acaricio essas marcas de ti em minha vida,
Passeando meus dedos pelos cabelos revoltos da tua ausência...
Sinto-te o sabor, e sorvo-te, como a um vinho divino
De cujo buquê evolam-se recordações esmaecidas,
E cuja taça permanece vazia, como vazias se tornaram nossas vidas...
Percorro as páginas amareladas deste livro inverossímil
Onde cada capítulo tem tua presença como tema,
E onde cada gravura aporta num pensamento teu...
Meu olhar debruça-se, maravilhado, no que fomos,
E meu sorriso, molhado pela lágrima teimosa,
Enfeita tua passagem e te homenageia ainda
Iluminando-te com o mesmo brilho do olhar
Cuja luz um dia misturou-se à tua
No sagrado momento em que decidi te pertencer...
Minhas mãos perguntam ao vento: Onde estás?
Por que enfeitaste assim minha existência ,
Florindo-a num maravilhoso jardim
Para depois abandoná-lo assim,
Na noite dos tempos
Deixando-o a enfeitar minha solidão?
E folheando-te no livro da minha vida
Vejo aos poucos se apagando tuas sublimes promessas,
E as doces canções que a vida tinha a nos oferecer...
E a lágrima que cai desmancha as esperanças,
Mas minhas lembranças,
Estas, não vão desaparecer...
* * *