Apenas mais Uma Madrugada…

Em que um cigarro

Sublimava

Uma vida cheia

Mas na qual

Me sentia sem nada

Nada de nada

Naquelas horas

Apenas mais Uma Madrugada…

Um cigarro madrugador

A eterna companhia

Que deixou de fazer sentido

Quando os olhos deixaram o chão

E viram a Lua

A nascer

E assim

Naquela hora banal

Senti-me especial

Senti

Que Alguém estava comigo…

E eu deixei o sono que me apoquentava

O cigarro

Que mais do que ser companhia

Me iludia

Me enganava

Ficando a olhar para Ela

Como meu supremo alimento

Da alma

Do coração

Do corpo

E no entanto era

Apenas mais Uma Madrugada…

E eu tantas vezes vi a Lua

Tantas vezes a Amei

A olhei

Descobrindo de facto naquela hora

Que nunca a tinha realmente Olhado

Porque naquela altura

Em que me apercebi da sua real intensidade

Ela passou a ser a coisa mais importante de Tudo

E nada mais importava

Apercebi-me da pequenez da humanidade

Da nossa insignificância

Perante nós mesmos

Perante o grande cosmos

E ao mesmo tempo

Da nossa deslumbrante grandiosidade

Porque mais ninguém Ama

Desta forma

Desta maneira

Amar por sentir

Sentindo assim

Que de facto

Não o tendo

Temos sempre alguém à nossa beira

Porque se de facto

Para mim não és tudo

És o meu demasiado “nada”

Palavras e sentimentos que ficaram cristalizados no tempo

E no entanto

Se revelar isto alguém

Dirão

Que foi

Apenas mais Uma Madrugada…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 10/02/2012
Código do texto: T3490671
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