Apenas mais Uma Madrugada…
Em que um cigarro
Sublimava
Uma vida cheia
Mas na qual
Me sentia sem nada
Nada de nada
Naquelas horas
Apenas mais Uma Madrugada…
Um cigarro madrugador
A eterna companhia
Que deixou de fazer sentido
Quando os olhos deixaram o chão
E viram a Lua
A nascer
E assim
Naquela hora banal
Senti-me especial
Senti
Que Alguém estava comigo…
E eu deixei o sono que me apoquentava
O cigarro
Que mais do que ser companhia
Me iludia
Me enganava
Ficando a olhar para Ela
Como meu supremo alimento
Da alma
Do coração
Do corpo
E no entanto era
Apenas mais Uma Madrugada…
E eu tantas vezes vi a Lua
Tantas vezes a Amei
A olhei
Descobrindo de facto naquela hora
Que nunca a tinha realmente Olhado
Porque naquela altura
Em que me apercebi da sua real intensidade
Ela passou a ser a coisa mais importante de Tudo
E nada mais importava
Apercebi-me da pequenez da humanidade
Da nossa insignificância
Perante nós mesmos
Perante o grande cosmos
E ao mesmo tempo
Da nossa deslumbrante grandiosidade
Porque mais ninguém Ama
Desta forma
Desta maneira
Amar por sentir
Sentindo assim
Que de facto
Não o tendo
Temos sempre alguém à nossa beira
Porque se de facto
Para mim não és tudo
És o meu demasiado “nada”
Palavras e sentimentos que ficaram cristalizados no tempo
E no entanto
Se revelar isto alguém
Dirão
Que foi
Apenas mais Uma Madrugada…