PECADOS DA CARNE

Olha pra mim fala pra mim

O que aconteceu

Cadê aquele olhar que antes era meu

E que agora no ontem

Já não encontro mais se recolheu

Da flor se perdeu

No vento passou

Se enclausurou

E nunca mais saiu deste convento

Se ostracizou casou-se com o meu criador

De meu mundo cárneo saiu

Fale que nada fui que o ovo não eclodiu...

Atolado fico como em areia movediça

Levaram minha noviça

Diga que este tempo tomado

Fo i um roubo sem pecado

E agora nada flui nem reflui

Cadê teus olhos retinas sem lentes

Que me olhavam silentes

Que falavam que me amais

Sinto-me como um vaso abandonado

Em cuja terra cai tombada

Nada mais brota

Porque de mim tirastes

A infinita virtude do amor de minha frota

De minha raiz da alegria e agora dentro

Dele rego lágrimas sem bilhetes

E só rolam ervas daninhas

Que para nada me servem

Levastes meu mundo o sorvestes

A terra secou é triste a canção

Ouço músicas Gregorianas

Comendo o pão que o diabo amassou

Sem nenhuma comiseração

O jeito é seguir esquecendo rezando baixinho

Os altos e os gemidos em contraltos

Morri farei sozinho meu ato de contrição...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 10/02/2012
Código do texto: T3490393
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