IGNOTA

Envolta num silêncio inócuo

me vejo num invólucro de passividade

não noto em mim pensamentos

não vejo beleza

não vejo alegria e nem tristeza

e o desejo é de ficar quieta

sem deixar que fluam as emoções

não impedindo

apenas não dando vasão

não tentando impedir o inativo

Ignota como um ser inanimado

sentindo saudades, quem sabe

sentindo-me só, talvez

desamor, carência, solidão

sentindo um nada banhado pelo tudo

ou sentindo tudo coberto por um nada

vivendo um sentimento surdo, cego e mudo

pautado num ponto de interrogação

teleguiado pelo ponto final

Desejando talvez que alguém apareça

um alguém com nome certo

um nome que tem um corpo

um corpo dono de uma mente

mente que penetra em minha mente

dominando minh'alma

meus pensamentos

meu corpo

minha vida

e se perdendo no infinito de minha loucura

E me perco no universo dos meus delírios

E nos vejo entrelaçados num só desejo

E nos vejo recalcando irradiação de emoções

Me percebo devorando palavras vãs

Me percebo explorando sentimentos vis

E nos vejo embriagados pelo veneno da fumaça-fogo

da energia latente

da descarga elétrica

do choque térmico

chamado PAIXÃO.

Linda Morais
Enviado por Linda Morais em 09/02/2012
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