IGNOTA
Envolta num silêncio inócuo
me vejo num invólucro de passividade
não noto em mim pensamentos
não vejo beleza
não vejo alegria e nem tristeza
e o desejo é de ficar quieta
sem deixar que fluam as emoções
não impedindo
apenas não dando vasão
não tentando impedir o inativo
Ignota como um ser inanimado
sentindo saudades, quem sabe
sentindo-me só, talvez
desamor, carência, solidão
sentindo um nada banhado pelo tudo
ou sentindo tudo coberto por um nada
vivendo um sentimento surdo, cego e mudo
pautado num ponto de interrogação
teleguiado pelo ponto final
Desejando talvez que alguém apareça
um alguém com nome certo
um nome que tem um corpo
um corpo dono de uma mente
mente que penetra em minha mente
dominando minh'alma
meus pensamentos
meu corpo
minha vida
e se perdendo no infinito de minha loucura
E me perco no universo dos meus delírios
E nos vejo entrelaçados num só desejo
E nos vejo recalcando irradiação de emoções
Me percebo devorando palavras vãs
Me percebo explorando sentimentos vis
E nos vejo embriagados pelo veneno da fumaça-fogo
da energia latente
da descarga elétrica
do choque térmico
chamado PAIXÃO.