Fim de cena
Cessam os cantos,
os gritos calam nas vozes roucas,
o mundo descansa sob fogos
onde artifícios não valem mais,
o nada passa adiante na contagem
do tempo que se excedeu,
enquanto o tudo mergulha em abismos
ainda não conhecidos de um louco ateu.
Descobrir a fórmula incógnita da vida
que um dia sem marés despertou,
apontar outras rimas que denotem esplendor e glória,
refazer os versos,
os sonhos que povoam as mentes de poetas
e no ceticismo pagão dar adeus ao infinito
no espaço limítrofe que seu deus habitou.
Explicar o inexplicável,
dar novo som às notas antes nunca entoadas,
saber-se só em nuas madrugadas
onde as luzes adormecem apagadas,
sorver do absinto enquanto se desenrola
pelas mãos moiras em algum tear,
destino asilado que desconhece do mundo
e registram de si as próprias pegadas.
Fecham-se as cortinas no lúdico
que sem sol o céu clareou,
sorvem dos sentidos os risos espalhados
pelos labirintos que nunca mostrarão o fim,
o recomeço, mais um apreço na partilha desse véu
que em tempestade se rasgou,
o tudo e o nada a serem trilhados
na busca da paz que o sonho abrigou.
01/01/2007