A Ponte

Sei das esperas.

Das infindas esperas.

Sei das pequenas humilhações

nos cotidianos sufocantes.

Dos inofensivos Moinhos

feitos medonhos Gigantes.

Sei do orgulho ferido,

do preconceito sofrido

e do escárnio doído.

Sei-me caído,

quase vencido.

Mas te sei

moça do sorriso farto.

Sei-te longo pergaminho

do novo caminho.

Sei-te mão estendida

e desvio para a vida.

E porque te sei, seguro haverei

de novamente cruzar a Ponte,

que certo dia cruzei.

E seguro me verei

para sonhar

o sonho que

já sonhei.